São Paulo, setembro de 2025 – A Aldeias Infantis SOS, organização global que lidera o maior movimento de cuidado do mundo, por meio do seu Núcleo SOS de Apoio às Famílias, lança um projeto inédito de Justiça Climática na Comunidade do Abelha, região ribeirinha próxima a Manaus (AM), no coração da Floresta Amazônica. A iniciativa visa a capacitar e fortalecer 100 famílias impactadas pelos efeitos das mudanças climáticas, com foco especial na proteção de crianças, adolescentes e jovens.
Por meio de um projeto piloto, a ação recebeu aporte da Hermann Gmeiner Fonds Deutschland, associação promotora da Organização na Alemanha, a fim de garantir o cuidado e os vínculos comunitários de famílias em situação de vulnerabilidade social, atingidas por catástrofes climáticas. Justiça Climática é um conceito que reconhece a gravidade das desigualdades frente às crises ambientais, que atingem mais fortemente comunidades em maior vulnerabilidade social, violando direitos essenciais das pessoas que ali vivem. Dessa forma, o projeto busca unir direitos humanos, fortalecimento familiar e resiliência comunitária, tornando-se uma resposta essencial e que coloca a dignidade humana no centro das ações.
Nos últimos dois anos, o Rio Negro atingiu os níveis mais baixos em mais de um século, comprometendo o transporte fluvial e dificultando o acesso da Comunidade do Abelha a serviços básicos. Isolada geograficamente e com uma população de 517 pessoas, segundo o Censo 2022, que inclui famílias indígenas oriundas do Alto Rio Negro, a comunidade enfrenta desafios como insegurança alimentar, falta de água potável, ausência de unidades de saúde e serviços de proteção à infância, além de altos índices de evasão escolar.
O projeto da Aldeias Infantis SOS surge em resposta direta à seca severa de 2023 e ao relato de violações de direitos feito por profissionais da rede de proteção. Segundo lideranças locais, a seca na região acentuou episódios de violência contra crianças e adolescentes, realidade agravada pela ausência de políticas públicas e equipamentos essenciais como Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e Conselho Tutelar. Com a vazante extrema do rio Tarumã-Mirim, parte dos trajetos precisou ser feita a pé, em meio à lama, comprometendo o acesso a escolas, serviços e fontes de renda para a população.
A Aldeias Infantis SOS, que atua há décadas com meninos e meninas que perderam ou estão em risco de perder o cuidado parental, identificou a necessidade urgente de uma ação focada na redução de riscos e fortalecimento das condições de cuidado no território amazonense.
“Justiça climática também é justiça social. Queremos garantir que nenhuma criança cresça sozinha, que todas as famílias tenham condições de cuidar com dignidade dos seus filhos e que a comunidade esteja mais forte para enfrentar os desafios do clima”, afirma Michéle Mansor, gerente Nacional de Desenvolvimento Programático da Aldeias Infantis SOS.
A iniciativa será desenvolvida ao longo de três anos e contempla ações de empoderamento familiar direto, com apoio intensivo a 40 famílias em situação crítica, e empoderamento comunitário, com capacitação de até 60 famílias, formação de um comitê local, rodas de conversa, oficinas temáticas e incentivo à liderança jovem em ações ambientais.
As atividades incluem escuta e orientação em saúde, moradia, segurança alimentar e geração de renda, além de encontros sobre como proteger crianças e adolescentes em períodos de crise climática. A proposta também prevê o envolvimento ativo de indígenas, mulheres, jovens e idosos para garantir a representatividade e a construção de soluções coletivas.
A ação da Aldeias Infantis SOS na região é guiada pelas oito dimensões do cuidado que fazem parte da metologia da Organização — moradia digna, meios de sustento, saúde, segurança alimentar, bem-estar social e emocional, cuidado de qualidade, educação e habilidades, proteção e inclusão social —, tendo em vista a garantia da dignidade, a efetivação de direitos fundamentais e o desenvolvimento integral de cada família.
Com apoio da comunidade do ACURAL de povos originários e indígenas, do Grupo de Mulheres “Nossos Sonhos” e da Associação Local de Trabalhadores Rurais, o projeto representa um passo estratégico da Organização para enfrentar os efeitos da crise climática com base na prevenção, mitigação e fortalecimento das redes locais de cuidado.
“A iniciativa tem como objetivo maior a plena recuperação e melhoria das capacidades de cuidado das famílias e da comunidade local envolvida. Atuamos para reduzir a exposição a riscos climáticos e amortecer os efeitos das mudanças do clima sobre o cuidado familiar”, conclui a especialista da Aldeias Infantis SOS.
Sobre a Aldeias Infantis SOS
A Aldeias Infantis SOS (SOS Children’s Villages) é uma organização global, de incidência local, que atua no cuidado e proteção de crianças, adolescentes, jovens e famílias. A organização lidera o maior movimento de cuidado do mundo e atua junto a meninas e meninos que perderam o cuidado parental ou estão em risco de perdê-lo, além de desenvolver ações humanitárias.
Fundada na Áustria, em 1949, está presente em mais de 130 países. No Brasil, atua há 58 anos e mantém cerca de 80 projetos, em 30 localidades de Norte ao Sul do país. Ao trabalhar junto com famílias em risco de se separar e fornecer acolhimento para crianças e adolescentes que perderam o cuidado parental, a Aldeias Infantis SOS luta para que nenhuma criança cresça sozinha.
Para saber mais: www.aldeiasinfantis.org.br