Serão produzidos três volumes de livros didáticos, específicos na língua materna de cada etnia, contemplando estudantes das séries iniciais e finais do Ensino Fundamental, além do Ensino Médio.
Núbia Daiana Mota/Governo do Tocantins
Fortalecendo a educação escolar indígena no Tocantins, o Governo do Tocantins, por meio da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), deu início às formações que antecedem a produção do material didático para as oito etnias tocantinenses: Apinajé, Awa-Canoeiro, Javaé, Karajá, Karajá-Xambioá, Krahô, Krahô-Kanela e Xerente. O evento ocorre nos dias 28 e 29 de maio, na Universidade Estadual do Tocantins (Unitins) – Campus Graciosa.
A iniciativa, inédita, consiste na elaboração de material didático específico na língua materna de cada etnia. A ação integra o Programa de Fortalecimento da Educação Indígena (PROFE Indígena) e atende a uma demanda histórica dos povos indígenas do Tocantins, como destaca o diretor de Educação dos Povos Originários da Seduc, Amaré Gonçalves Brito.
“Foram selecionados escritores de cada povo, professores com habilidades e experiência na escrita de material didático voltado para a cultura, a tradição e a língua materna de cada povo. Eles desenvolverão textos relacionados ao modo de vida e aos componentes curriculares de língua indígena, saberes indígenas e cosmologia, que são as disciplinas específicas da educação escolar indígena na rede estadual. Temos, na formação, professores que já são doutores, mestres, que já produziram diversos livros e que agora vêm somar nessa produção tão significativa”, enfatizou Amaré.
Serão produzidos três volumes por povo, totalizando 24 livros, que contemplarão as culturas, tradições e línguas indígenas do Tocantins. O material atenderá estudantes do Ensino Fundamental — anos iniciais e finais — e do Ensino Médio.
Escritores
Os professores escritores foram selecionados por meio de processo seletivo e receberão bolsa-auxílio durante a produção do material. Para eles, poder contribuir com a elaboração desse material pioneiro no Tocantins representa uma grande conquista para os povos indígenas.
“Estamos vivendo um marco histórico para a educação escolar indígena e trazendo as nossas narrativas para os materiais didáticos, na nossa própria língua, fortalecendo a nossa identidade cultural. Isso nos transforma como educadores, como indígenas, e fortalece a nossa cultura ancestral. A educação escolar indígena tem uma importância muito grande, não só de letramento, mas de fortalecimento cultural dos povos indígenas, para a construção de materiais didáticos”, relatou a professora Maria Aparecida Amnhàk Apinajé.
A educadora Jacira Brito Xerente enfatiza que a elaboração dos materiais será essencial para assegurar que os saberes indígenas sejam repassados às futuras gerações, o que antes era feito exclusivamente de forma oral.
“É uma honra poder levar nossos conhecimentos, as histórias e as tradições que serão registradas em nossos livros. Então, a nossa oralidade, a partir de hoje, vai ser escrita, para que todos possam, futuramente, conhecer a nossa identidade que está sendo registrada", enfatizou a professora Jacira.
Educação escolar indígena
A educação indígena no Tocantins está presente em seis das 13 Superintendências Regionais de Educação (SREs): Gurupi, Pedro Afonso, Miracema, Paraíso do Tocantins, Tocantinópolis e Araguaína. A rede estadual conta com 96 escolas indígenas (além de 38 extensões) e mais de 600 professores, atendendo cerca de 6.300 estudantes pertencentes aos oito povos do Estado.